terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Camisa de Venus - Bete Morreu


Por Otávio Portugal


A banda Camisa de Vênus, vulgarmente falando “capa de pica”, abusa de letras um tanto inusitadas. Por exemplo a música Bete Morreu, fala sobre uma jovem patricinha que deixou de ser menina, após ser empurrada para dentro de um carro e seu corpo foi encontrado por um chofer de caminhão. Agora esta apodrecendo lá dentro de um caixão... E por ai vai.

Marcelo Nova ainda tem a audácia de falar “Espancaram Bete, violentaram Bete, ela nem se mexeu. Bete morreu”. Como dizia a minha avó, por parte de mãe, sempre são as mulheres que provocam. Me pergunto, onde estava a Maria da Penha? Ela estava recendo um prêmio pela lei Maria da Penha (Lei que combate à violência contra a mulher).

Deixando as acusações de lado. As rimas são geniais com o nome Bete, ainda bem que ele não usou o nome Antonieta. Sabe Deus o que ele iria dizer! Até porque, pela letra, ela já estaria do lado dele.

Pessoal to deixando bem claro que isso tudo tem haver com a letra da música. Acredito que ela não influencie na violência contra a mulher, pelo contrário, ela as patricinhas devem ter cuidado ao atravessarem aquela esquina. Patricinha é a mulherada no geral, por isso todas devem ter muita cautela com quem e por onde andam.

Fui a um show de Camisa de Vênus na Bahia. Na hora em que tocaram Bete Morreu, abriu uma roda punk gigantesca e o pessoal, inclusive as mulheres, gritavam o refrão “Bete Morreu”.

Outra teoria bastante interessante é de um amigo meu, um comunista da orla de Boa Viagem, que essa letra fala da ditadura. Bete foi empurrada para dentro de um Veraneio, carro usado pelos militares durante a ditadura, e depois foi torturada. Realmente faz sentido vejam uma parte da letra “Espancaram Bete, Violentaram Bete, ela nem se mexeu, Bete morreu”, ela não se mexeu porque estava toda amarrada.

Teorias de integrantes de DCEs de universidades particulares à parte. A música é engraçada, usa e abusa da guitarra e do teclado. Um som altamente agitante e a violência se concentra apenas na letra da música, no restante é só patricinha dobrando a esquina.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

EXPRESSÃO DOS MEUS E SEUS MEDOS

MÚSICA//rock

Por Thiago Gouveia

Banda Inglesa faz musica sobre o medo que atinge a todos nós... homens.

Esta semana irei analisar a musica There’s Goes a Fear da banda Doves. Vou falar um pouco da banda: Doves é uma banda inglesas de rock originária de Manchester formada em 1998 sobre a reformulação do grupo de dance music Sub Sub após um incêndio que destruiu o seu estúdio. A banda é composta por Jimi Goodwin (contra-baixo, vocal e eventualmente bateria) e os irmãos gêmeos Jez Williams (bateria e eventualmente vocais) e Andy Williams (guitarra e eventualmente vocal). Fonte Wikipedia. O processo de análise é o seguinte: comentarei cada estrofe da música, relacionando a um tema atual. Vamos começar, em itálico está a letra traduzida.

Fora daqui
Nós estamos fora daqui
Fora da agitação
Junto ao medo
Lá vai o medo de novo
Lá vai o medo

Vem ai ano de eleição. Como sempre estamos “fora” do país. Sem nenhuma informação do que ocorre por aqui. Pois com tudo que acontece de corrupção, como foi atualmente com o governador de Brasília recebendo possível propina na candidatura de 2006. Isso sim podemos chamar de agitação, mas eu, assim como você, estou com medo do que possa vir por ai. Sempre que acontece uma coisa dessas o medo vem de novo. Mas logo depois o medo passa, e eu digo que esqueci tudo.

E os carros em alta velocidade
Fora daqui
E a vida vai passando
De novo, bem perto
Lá vai o medo outra vez
Lá vai o medo

Um dia desses fez um ano da campanha Se Beber não Dirija. Campanha do Governo Federal para as pessoas que beberem não pegarem no volante, com risco de provocar acidentes na rua. Mas pena que o que não pega mesmo é campanha para os motoristas seguirem em baixa velocidade. Dia desses passei por uma avenida movimentada aqui perto de casa e tinha acontecido um acidente. Perguntei aos populares e disseram que a culpa pelo acidente tinha sido alta velocidade e o motorista tinha ingerido bebida alcoólica. A vida vai passando e essas campanhas não vejo dar resultado. E toda vez que vem uma campanha nova lá vem o medo de novo.

(Refrão 01)
Feche seus olhos castanhos
E deite junto a mim
Feche seus olhos, e deite-se
Porque lá vai o medo
Deixe ele ir

Cheguei em casa dia desses minha mulher estava com insônia. Disse a ela que ia tomar um banho e que depois iria deitar junto com ela. Quando cheguei na cama perguntei o motivo da insônia, ela me perguntou: Amor você está me traindo? Ai eu disse: feche seus olhos, e deite-se, porque lá vai o medo, deixa ele ir.

(Refrão 2)
Você gira em voltas e a vida passou por você
Você olha para os únicos que ama e pergunta por que?
Você olha para aqueles que você ama afim de justificativas
Você gira em voltas e a vida passou por você
Passou por você de novo

Sem comentários.

E depois da última noite
Faz a mente viajar
Outra luta do lado inverso
Lá vai o medo de novo
Deixe ele ir
Lá vai o medo

Essa noite passei “viajando” com meus pensamentos, senti um pouco de medo mas minha força de vontade era maior e deixei todos os meus medos irem embora.

(Repete Refrão 01 e 02)

Pense em mim quando estiver caindo em depressão
Mas não olhe para trás quando deixar a cidade
Oh, pense em mim quando ele te chamar para fora
Mas não olhe para trás quando deixar a cidade
Pense em mim quando você fechar seus olhos
E não olhe para trás quando desatar todos os laços
Pense em mim quando estiver desanimada
Mas não olhe para trás quando deixar a cidade hoje

Lá vai o medo outra vez
Deixe ele vir
Lá vai o medo
Deixe ele vir

Pense em mim quando você fechar seus olhos
E não olhe para trás quando desatar todos os laços
Pense em mim quando estiver indo para a depressão
Mas não olhe para trás quando deixar a cidade hoje

Assim eu disse a ela quando ela descobriu toda a verdade.

Dejavú? Sim eu já vi e ouvi esse" filme", detestei!



Por Allison Almeida

Musica Popular//Brega
"Sucesso do momento, nada mais é que uma coletânea de Clichês, vai ver que por isso se batizaram o grupo de Dejavú"


Sabe aqueles desafios que é melhor você ficar na sua? Aqueles... Aqueles mesmo que a melhor coisa a se fazer é não bancar o corajoso, o sapiente, o garoto de ouro? Pois é, uma sessão de tortura se deu aos meus ouvidos só porque aceitei o desafio do professor, da Universidade Católica de Pernambuco, Darío Brito para fazer uma critica sobre uma coisa que não tinha simpatia. Aceite e me flagelei escutando o final de semana inteiro a banda Dejavú.


Dejavú, nome propicio a uma banda tipicamente feita por empresários que vende aquilo que a gente já está cansado de ver e ouvir. O engraçado é que sempre eles vendem o mais do mesmo com um novo nome. Um ritmozinho até, convenhamos, swigado, com uma harmonia pobre e letras que façam me o favor... Essa mesma “musiquinha” tinha o nome de Arrocha há uns seis meses atrás. Há uns dois anos, se chamava brega estilizado. Agora, o nome do momento é Tecno-Brega. Isso porque ensinaram dois acordes para um rapaz no sintetizador. Aprenderam a usar programas freeware de estúdio e pensam que criaram DJs ou até Vjs.

Tecno-Brega? O som que a banda é tão ruim que não podemos nem chamar de brega quanto mais Tecno. Li que a moda agora é misturar, uma espécie de brega antropofágico que vai se apropriando de tudo. Outro dia ouvi na Avenida Conde da Boa Vista. Um Ambulante anunciar o seguinte cd: MC Leozinho, o rei do Funk Brega. Quase que comprava o álbum que custava dois reais mais só por curiosidade. Minha irmã adolescente está pensando em criar o Emo- brega. Segundo ela, os dois estilos tem tudo haver filosoficamente falando. Meus estudos de guitarra elétrica e baixo juntamente com meu gosto por Heavy Metal vão influenciar na criação de um ritmo novo brasileiro e totalmente único: O Heavy Brega melódico. Vou juntar a precisão do Angra com a emoção das letras da banda Calypso e afins para ficar “milionário” nas noites do nordeste afora.

Voltando a falar da Dejavú, o grupo reúne uma pegada clichê, de outras bandas do Pará, adicionada a um sintetizador. Naquela velha estrutura de três acordes na qual um final de semana você aprende a tocar todas as musicas no violão. Na gravação que ouvi não senti a inserção de nenhum pick-up ou outra instrumentação característica da musica eletrônica. Portanto não sei de onde veio essa definição bizarra de se chamar de Tecno Brega. Os baixos altíssimos e estourados indicam uma gravação péssima de fundo de quintal. Os cantores seguem aquela tendência já iniciada pela Joelma ,vocalista da Calypso. Eles Acham que gritar é a mesma coisa de cantar. A Joelma ao menos é afinada já a Vocalista da Dejavú.... Misericórdia... Técnicas vocais ali passaram há uns 10000 quilômetros de distância. O que fica mais perceptível principalmente quando as musicas têm uma área melódica um pouco mais aguda.

As letras... putz.... Elas são tão viajadas que deixariam qualquer Pink Floyd parecendo balão mágico. Ao contrario do Pink, é claro as letras não tem nada a ver com nada. Saca só: “Rubi, nave do som .Faz a pedra, vem pra cá .Chega de pedir mais uma chance .Procure outro lance, não preciso de você Naquele instante delirante, apaixonante Decolei naquela nave e decidi não mais querer você” esse é o maior sucesso da Dejavú. Está em boa parte das rádios mais e aí? Alguém sabe o que ela quis dizer com todo esse “rebuscamento”? Seria Rubi algum traficante que “fez” uma pedra de Crack para a menina viajar? Apologia as drogas? Claro que não. Eles não devem ter capacidade intelectual para isso. Aposto com quem quiser que é só mais uma letra sem sentido mesmo. Mais uma da serie: não entendo nada do o que eu tô ouvindo mais é legal!!!!!



Tirando a viagem da nave desse Blogueiro entorpecido os outros temas da Dejavú são relacionamentos sexuais mal resolvidos, “ trocadalhos do carilho”, e mulheres objetos sexuais. Sem falar nas versões chatissimas de musicas que fizeram sucesso no ano retrasado, como Umbrela de Rihanna.



Se o Dejavú fosse um seriado seria daqueles americanos dos anos oitenta com orçamento precaríssimo onde prevalecem cenas trash e o elenco encena pior que meu cachorro vira-lata. O que me deixa puto é que sempre se consegue vender esses negócios para o terceiro mundo. Por pior que o produto seja, se consegue tirar bons lucros com produções bizarras e mercantis que acabam detonando todo um estilo que, por mais que me doa escrever isso, é original feito o movimento brega.

sábado, 28 de novembro de 2009

“Traigo un pueblo em mi voz”


MÚSICA//La Negra

Cantora argentina Mercedes Sosa, falecida em outubro de 2009, deixa legado de fé por dias melhores

Por Iohana Ruiz

Na canção “Vientos del alma”, “La Negra”, como ficou conhecida a cantora argentina Mercedes Sosa, esbanja densidade e altivez na voz de quem, durante toda a trajetória musical, sempre cantou o desejo de liberdade do povo latino-americano, principalmente durante a Ditadura Militar da Argentina.

Em suas músicas, Sosa transmite, com ritmo e melodia peculiares, o sofrimento daqueles que foram presos injustamente num período de repressão a todo tipo de ideal libertário. Esse é o melhor tempero das letras da artista: o tom de indignação e tristeza repassados por meio passagens fortes como em “Indulto”, canção que tem alta carga emotiva e fala dos que foram mortos ou repreendidos pelos militares: “Aunque que me quede ciego y sin pensamientos habrá em mi alma um libro com mis recuerdos” – ainda que me torne cego e sem pensamentos, haverá na minha alma um livro de recordações.

Em mais de cinco décadas de trajetória profissional, Mercedes Sosa, falecida em outubro de 2009, aos 74 anos, devido a uma disfunção renal, plantou sementes políticas e incentivou as lutas e protestos na América Latina. Tanto que nos anos 70foi censurada e perseguida junto com seus discos carregados de conteúdo social, os quais se transformaram em referência contra o regime militar. Com seu discurso, a cantora já sinalizava para a integração entre continentes que hoje está virando realidade.

Postura altiva, voz firme e alta, a cantora argentina, que agora desperta o interesse do público em um outro plano de vida, fez do seu caminho musical uma explosão de melancolia e, ao mesmo tempo, de força e coragem diante das injustiças sociais. Um grande legado de Mercedes Sosa são suas idéias inovadoras de quem via mais além. O que ela sabia fazer de melhor, cantar e tocar corações. Alguns dos seus marcos foram a ênfase à integração das nações e a luta pela democracia.

Vale ressaltar também que o amor sempre falou mais alto. É de se espantar como Mercedes consegue aliar temas tão polêmicos e, ainda assim, tratá-los com grande sensibilidade e cuidado. Com a visão romântica de que para tudo há uma saída e ainda há esperanças, a cantora massageia a alma dos ouvintes. Porque, mesmo com tanta miséria e problemas sociais, a grande lição deixada por esta magnífica e incessante guerreira dos direitos humanos é a importância da fé por dias melhores. Sem isso, não há propósito em viver de forma plena e bela. E é em torno da beleza e profundidade que giram as letras da cantora.

Porteño amplia carta de cafés

GASTRONOMIA//BEBIDA

Por Jessica Souza

Novos cafés variam entre quentes e gelados, além de chás e desserts

O Café Porteño de Bruna de Oliveira acrescentou recentemente doze novos tipos de cafés quentes e gelados, além de diversas opções de chás em seu menu. Apesar de ser um restaurante de influências argentinas, a restauranteur buscou inspiração e referências em uma recente temporada em Nova York (pois é, lá mesmo) para fazer uma nova carta de café para a casa. Não deveria uma casa argentina servir cafés portenõs ao invés de americanos?

De maneira geral, as novas opções são bem variadas, entre bebidas geladas e quentes. O After Eight (nada original, já que leva o mesmo nome da marca de chocolates finos com menta da Nestlé) reúne café e licor de menta em uma taça coberta com ganache de chocolate (R$ 7,90).

Outra novidade (que também não é tão nova, já que o Delta já usava muito antes o famoso creme de avelã como ingrediente de seus cafés) é o Nutela Nuts. A bebida promete conquistar ao servir macio leite espumado com café espresso em uma xícara cuidadosamente decorada com Nutela em toda borda e polvilhado com castanhas (R$ 5,90). A apresentação do drink, com certeza, é muito bonita, o creme de avelã na borda passa uma impressão que o café é cuidadosamente montado e preparado. Doce ilusão! O café chega sem gosto e as castanhas de caju são tão moles que nem poderiam se passar por castanhas. O toque crocante esperado no drink termina se dissolvendo como consequência da falta de cuidado do barista.
Já o Frapuccino se apresenta como uma releitura do tradicional capuccino, mas gelado e elaborado com diversos aromas, que poderiam variar de acordo com o gosto do cliente. Entre as opções de sabores estão avelãs, amêndoas, rum ou baunilha sempre acompanhado de chantilly, ganache de chocolate e castanhas (R$7,90), mas, depois da má experiência com a castanha do Nutela Nuts, quem se atreveria a arriscar com avelãs e amêndoas?

Uma opção bem diferente é o Drink de Café, servido em taça de martini com uma batida de sorvete de chocolate branco com licor de chocolate amargo em uma taça com ganache de chocolate e cubo de gelo de café espresso (R$6,90). Interessantíssimo e bem diferente, a refinada bebida chega em uma belíssima apresentação.
Na lista de Cafés Desserts, que podem facilmente substituir uma sobremesa, aparecem como novidades o Mousse de Choco, feito com café expresso, chantilly, mousse de chocolate e finalizado com chocolate importado Costa (R$6,90); e o Negresco Deli, uma saborosa combinação de café espresso, chantilly, farofa de negresco, sorvete de chocolate branco e ganache de chocolate (R$ 9,90). Lindamente apresentado, como todos os outros drinks, o café peca, novamente, pela falta de “crocância” da farofa de negresco. A bola de sorvete (de creme, não de chocolate branco como o cardápio dizia) se desmancha como se uma bomba atômica tivesse atingido a bebida, ao contrário do Chocolate Meltdown do Applebee’s, cuja bola de sorvete vai desaparecendo lenta e deliciosamente.
A nova carta de cafés do Porteño tinha tudo para ser ótima. Novas opções de bebidas, ingredientes e misturas agradáveis, mas peca no principal quesito, o sabor.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Susan Boyle continua a surpreender

Lançamento -




De um programa televisivo de emissora britânica para o mundo. Nem os jurados, nem a platéia, nem a própria Susan Boyle acreditariam no sucesso da ex-desempregada de 48 anos. Depois de se apresentar no Britain´s Got Talent, tornar-se um exemplo de vida, Boyle lançou na última segunda-feira (23) seu CD "I Dreamed a Dream", título inspirado na primeira canção que cantou no concurso e que a tornou um fenômeno mundial. Tudo isso, depois de uma mudança radical no seu visual.

I Dreamed A Dream é o CD de estreia da cantora Susan Boyle

O álbum de estreia já tem seu single: Wild Horses", do Rolling Stones. O disco vendeu 130 mil cópias em um único dia. Dez mil dessas, vendidas antes do lançamento de fato, batendo o recorde de maior número de pré-encomendas nos 14 anos de existência da loja virtual Amazon. E a estimativa é que alcance as 400 mil cópias até o final da semana. A expectativa é que o álbum de estréia da cantora deva ser o mais bem-sucedido de 2009.


"I Dreamed a Dream" conta com a produção do inglês Steve Mac, que já trabalhou com os Il Divo, Kelly Clarkson, Leona Lewis e Westlife, entre outros. Do álbum fazem parte alguns temas originais e versões de outros artistas, como Madonna, Rolling Stones, The Monkees e Patty Griffin. Entre as doze faixas, estão clássicos como o Silent Night (Noite Feliz) e o I Dreamed A Dream (Os Miseráveis). A escolha das músicas segue bem o estilo Boyle: clássicos que podem mostrar sua inegável potência vocal. Uma mistura entre o pop de Madonna e canções cristãs populares.


Sua voz suave, delicada, porém, de alto alcance, é de arrepiar não apenas os que gostam de seu estilo. O CD não foi muito bem recebido pela crítica, mas as interpretações de Boyle, não se podem negar, são dignas e cumprem o papel de impressionar quem escuta. De acordo com a própria Susan, ela nunca aprendeu a cantar, sempre soube, e segue devidamente todos os pré-requisitos para se cantar bem. Puro talento.


A apresentação de Susan Boyle já foi vista mais de 300 milhões de vezes na internet. Apesar de seu enorme sucesso, a cantora não venceu o concurso, alavancando o segundo lugar, o que a tornou ainda mais famosa. Seu CD de estréia foi lançado pela Sony Music.

I Dreamed a Dream:

1. Wild Horses (Rolling Stones)
2. I Dreamed A Dream (Os Miseráveis) 3. Cry Me A River (Julie London)
4. How Great Thou Art (canção cristã)
5. You ll See (Madonna)
6. Daydream Believer (The Monkees)
7. Up To The Mountain (Patty Griffin)
8. Amazing Grace (canção cristã)
9. Who I Was Born To Be
10. Proud
11. The End of The World (Skeeter Davis)
12. Silent Night (canção de Natal)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Somente para ler na sala de espera

LEITURA//GIRLY BOOKS

Por Jessica Souza

Delírios de Consumos diverte, mas peca na construção nos personagens

Desde a deliciosa série Sex and the City, baseada na história de Candance Bushnell, os livros destinados ao público feminino (Girly Books) têm alcançado um estrondoso sucesso. Antigas publicações de dez anos atrás ganham nova forma (e fãs) e produzem muito, muito dinheiro, ao serem convertidos em filmes e série hollywoodianas, alguns bons e outros muito ruins.

O livro de Sophie Kinsella, Delírios de Consumo de Becky Bloom, recentemente adaptado para as telonas, se encaixa perfeitamente nesse conjunto. Ele conta a história de Rebecca Bloomwood, uma jornalista de economia desequilibrada financeiramente. Sem nenhuma profundidade e/ou questionamentos filosóficos, a história se dispõe a, apenas, entreter, conduzindo leitor por mais de 400 páginas, intercaladas entre narrações em primeira pessoa, feitas pela própria protagonista, e cartas de cobranças de bancos e lojas.

Na publicação, a fútil e engraçada Becky é uma consumidora compulsiva que, ironicamente, ensina às pessoas como administrar seu dinheiro. Endividada até a alma, ela usa todos os argumentos possíveis e impossíveis para fugir do gerente do seu banco. “Meu pé quebrou”, “Minha tia-avó morreu atropelada por um pára-quedas” são alguns das hilárias desculpas que a jornalista usa para escapar da perseguição do cobrador Derek Smeath.

Delírios de Consumo de Becky Bloom não se propõe a abordar profundamente o problema das dívidas e dos vícios comerciais, eles servem apenas como pano de fundo para a história de Becky, o que atraiu diversas críticas negativas, que afirmavam que o livro seria uma piada de mal gosto face à recessão mundial que enfrentamos.

Eu não acredito que o objetivo de Sophie Kinsella tenha sido tratar das consequências do consumismo exacerbado. A autora criou apenas uma comédia(!!), repleta de diálogos e indagações em primeira pessoa, onde os tropeços da protagonista acabam criando engraçados episódios.

Em meio a tanta confusão, Becky ainda se apaixona pelo expert em finanças, Luke Brandon, mas o romance não se desenvolve tão bem quanto os de "Bridget Jones", criado por Helen Fielding. Apesar da personalidade de Becky ser bem construída, outros personagens acabaram não tendo a mesma sorte. A vilã da história, Alicia Billington, aparece sem nenhum sentido, somente para arruinar a vida amorosa e profissional da mocinha.

Enfim, a história não é original, os diálogos não são complexos e enriquecedores e o vocabulário não é nada extenso, mas, nem por isso os personagens e a narrativa deveria ser tão finos. Grandes nomes como Helen Fielding, Candance Bushnell e Marian Keyes, de A Melancia, provaram que um bom livro, construído com um ritmo dinâmico e inesperado pode criar ótimas histórias.

Delírios de Consumo de Becky Bloom é um ótimo livro para rir enquanto você aguarda o avião no aeroporto, ou na sala de espera de um médico, mas se você procura algum livro que aborde amor, estilo, luxo e glamour, é melhor permanecer com as clássicas Fielding e Bushnell.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Meio quilo de sarcasmo, uma pitada de ultraviolência, dois toques de Beethoven e 1 tonelada de realidade





Pode um livro escrito em 1962 parecer que foi escrito na semana passada? É possível em um mesmo personagem se misturar o teen spirit “deprê” de Kurt Cobain, o desejo de matar de um George W. Bush, o Sarcasmo do Bart Simpson e a ingenuidade da Amélie Poulain? Essa mistura excêntrica e bizarra é o que define Alex, um adolescente de uma futurística Londres, onde se passa um dos maiores clássicos literários do século passado: Laranja Mecânica.
Anthony Burguess, autor do livro, criou um personagem simplesmente fantástico. Durante cento e poucas paginas Alex narra a sua história de jovem classe media problemático, amante das artes eruditas e com gosto bastante peculiar por coisas abomináveis a sociedade como estupros, drogas e bebidas esquisitas como o coquetel Molovo. Tudo isso com um sarcasmo digno de um psicopata americano ao mesmo tempo com uma simplicidade tão comum que a história poderia ser contada por qualquer jovem de classe média.
Burguess anteviu uma sociedade onde a violência virou algo banal. A arte da violência pela violência, sem motivo aparente é a temática do livro. Burguess deve ter tido uma visão do meu tio tomando uma cerveja, escutando Fagner e assistindo uma luta de vale tudo pela TV a cabo para aliviar as tensões da vida de médico.
A história se passa em Londres, mas poderia se passar em Tóquio, de repente em São Paulo ou até aqui pertinho de casa. Numa cidade sem políticas publicas a juventude onde formar gangues e bater em velhinhos é diversão. Ir ali estuprar tchuthucas é o Maximo. Aulas para que? Se o bom mesmo é ir junto com os amigos marcar brigas de gangues e praticar a boa e velha ultraviolência.
A narrativa é impecável. Em momento nenhum você desgruda os olhos do livro. Às vezes, se tem a impressão que o próprio Alex está aos seus ouvidos a te contar. Você se irrita, fica aterrorizado, tem pena, lembra de uma amigo de escola, tudo isso com história toda contada em Nadsat, um a gíria inventada por Burguess, uma espécie de neo idioma que assim como os criados na internet por adolescentes, reforçam a questão do ser diferente, a identidade jovem de simplesmente não querer ser igual aos adultos por auto- afirmação.
Essa idéia de escrever em gírias pode causar estranheza e desconforto a principio ao leitores. Depois você acaba associando e até curtindo o modo de falar do futuro antevisto por Alex. Em outros momentos, ela funciona meio que como um atenuador eufemístico das cenas de violência, como nesta descrição de um estupro: "Então ele agarrou com força a devotchka, que ainda estava krikikrikando num compasso quatro-por-quatro muito horrorshow, prendendo os rukas dela por trás, enquanto eu rasgava isto e aquilo, os outros fazendo hahaha ainda, e grudis muito horrorshow exibindo então seus glazis rosa, Ó, meus irmãos, enquanto eu me desvestia e me preparava para o mergulho." A versão lida é composta de um glossário atrás do livro, mas o legal mesmo é quebrar a “gulliver” e viajar junto com autor numa história muito “horrorshow” onde miguxos e miguxinhas vão se chocar com esse encontro de pura realidade.
De uma hora a outra se tem uma virada sensacional da história, de um jeito fantástico que você vai ter que ler para descobrir, o vilão passa a ser vitima. Vitima de uma sociedade que tenta simplificar ao Maximo coisas complexas desvirtuando do seu contexto, como a própria violência mesmo. Vitima de amigos, que estão com você só nos momentos bons, mas nos ruins te renegam três vezes antes do nascer do sol. Vitima de pais que não estão nem aí para vida dos filhos, que acham que dar um trocado aos fins de semana é participar do processo de construção da identidade. E o principal: vitima de si mesmo. Da solidão, problemas psicológicos, do medo, da covardia. Laranja mecânica é um livro sobretudo de filosofia que te faz repensar coisas simples que te provoca e te estiga a pensar que o dualismo não existe. O bem e o mal partem de tudo de um mesmo ponto de vista que não podem ser descontextualizados simplesmente.
Laranja mecânica soa como um soco no estomago da hipocrisia. Um chute no meio do saco de uma sociedade que critica a violência, mas usa dela como meio atenuador e repressor. Ao invés de educar cidadãos e fazê-los repensar os transformam em meninos paranóicos não prontos para voltar ao convívio. É a critica de um sistema prisional onde o mais forte reina e o Estado Bizarramente tenta transformar esses fortes em moças.
Isso pode soar tão bizarro quanto uma laranja mecânica, mas o mérito do Burguess foi criar um personagem humano. Alex não fez o caminho mágico de Compostela. Tampouco, estuda numa escola de magia. Não namora nem um vampiro quiçá um lobisomem. Alex é de carne e osso como eu e você. Mora numa cidade que poderia ter as descrições de Recife. Você poderia conviver com ele em um colégio partcular. Ou encontrá-lo com seus amigos no meio de uma torcida organizada. Se você o escutasse contando a história iria lembrar de um primo, talvez um amigo ou quem sabe você mesmo.

VIDA REAL, DOENÇA REAL



LITERATURA
Por Thiago Gouveia

Livro Por um Fio do médico e escritor Dráuzio Varella que conta a vida de enfermos e o dia-a-dia de um hospital.


Sabe aquela doença que ninguém gosta de ouvir falar, o câncer? Uma doença que fez parte de milhares de literaturas médicas. Agora faz parte da literatura romancial, digamos assim. Depois de contar história dos encacerados do romance Carandiru, o médico e escritor Drauzio Varella reflete sobre o impacto da convivência com a dor e com a perspectiva da morte no comportamento de pacientes e seus familiares. Desde que fazia o curso de medicina, Drauzio passou ater contato com doentes graves. Dos trinta anos de experiência clínica, ele pinçou as histórias mais reveladoras da alma humana diante da doença. De um lado as histórias dos familiares, que acompanham os enfermos, do outro a reação das pessoas que se descobrem doentes, de desespero ou de aceitação. Há narrativas triste, mas também histórias de curas quase impossíveis, devido ao avanço d medicina, ou mesmo de existência que se encerram com tranqüilidade. O livro desperta no leitor uma visão diferente da morte, como se El fosse um divisor de águas que confere novo sentido ao futuro.
No livro Por um fio, está de volta o narrador de Estação Carandiru, que, contando histórias reais, põe o leitor diante de questões delicadas e difíceis, mesmo para quem lida com els em sua rotina profissional. O que estou querendo dizer com rotina é o fato de o médico dizer ou não dizer a verdade ao paciente. Como conseguir que o doente viva o máximo possível sem dor. Temos nesse livro uma reflexão, que a medicina mais do que curar tem o objetivo fundamental de aliviar o sofrimento humano.
A narrativa do livro é em terceira pessoa, com o eu-narrador que é o próprio autor. Apesar de ser um livro que trata da medicina ele não usa termos médicos nem nomes complicados. Os diálogos que estão no livro são muitas vezes de Drauzio com seus pacientes ou poucas vezes do paciente com familiares e amigos. Esses diálogos são construtivos, pois enriquecem a história, já que mostra melhor a relação médico paciente. De certa maneira são reveladores, porque neles surgem novos casos, por exemplo o diálogo entre Drauzio e o engenheiro doutor Sérgio, em que o ele revela que depois de trinta anos casado com a mulher, vai ao consultório médico e descobre uma nova mulher na sala de espera, esse novo amor deixa ele mais disposto a enfrentar doença, pois a tal mulher também passara pelo mesmo problema. Digo na minha opinião que são muito bem escritos.
A vantagem desse livro, é que os personagens não foram criados. Todos de fato existiram. E foram distribuídos no livro de uma maneira uniforme, como se cada caso tive ligação com o outro. Ao ler o primeiro capitulo você já quer passar para o outro para saber se vai acontecer o mesmo com o outro personagem. O interessante é que ele não diz que o paciente morreu, apenas termina com uma frase que o leitor já interpreta que o personagem morreu: “lembrei da expressão grave de seu Raimundo ao contar a história da noite de testemunho e senti saudades antecipadas dele.”

Angeli


Por Otávio Portugal

Quadrinhos sarcásticos e fora do convencional criticam uma sociedade altamente hipócrita. Bob Cuspe, Wood e Stock, nanico e 68, Rebordosa, Rampal, Vudu, Osgarmo, são os seus personagens mais conhecidos.

Bob cuspe é um punk que tem super poderes em seu cuspe. Ele sai cuspindo em tudo de “incorreto” na sociedade. Por exemplo, em padres, policiais, igrejas e políticos. Bob Cuspe é um personagem sujo e com suas habilidades especiais, tenta construir um mundo melhor.

Wood e Stock são dois hippies velhos, que ainda veneram a década de 70. Tomam chá de cogumelo, fumam maconha e usam LSD. Seus ídolos são Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Jefferson Airplane e The Doors. Eles nunca trabalham, pois são totalmente contra se vender para o sistema.

Rebordosa é uma alcoólatra, que sai transando com todo mundo. Sua bebida favorita é vodka. Angeli teve de matar essa personagem, porque, segundo ele, ela estava criando vida própria. Era a criação que estava definindo o rumo da história e não o seu criador.

Rampal, mais conhecido como Rampal o paranormal. Ele adquiriu esse título porque após um ataque de overdose, ele começou a mover objetos com o poder da mente. Uma outra a habilidade dele, era transformar objetos velhos em pés de Cannabis.

Vudu é uma pessoa totalmente pé frio e enxerga problemas em tudo. Foi desse personagem que surgiu o ditado “Para mal fodedor, até as bolas atrapalham”. Em uma de suas tiras ele conversa com um amigo:

Amigo: Vudu! Acho que vou entrar no mar, eu nado tão bem!
Vudu: 80% das pessoas que dizem nadar bem, morrem afogadas.
Amigo: Pensando bem, vou ficar na areia e tomar um banho de sol.
Vudu: Sol da câncer de pele.

Osgarmo é o famoso da ejaculação precoce. Ele é o do tipo “O prazer foi todo meu”. Em tudo ele enxerga prazer, desde um buraco na árvore até em uma bunda de estátua. Porém seus prazeres são extremamente rápidos, não da tempo nem de chegar no final de sua tira em quadrinho.

Angeli participou de um movimento chamado udigrudi, versão abrasileirada de underground. Esse movimento começou nos EUA, com a revista em quadrinho MAD. Ela era uma critica ao estilo de vida conservador americano. Suas tiragens eram feitas de forma independente, como aconteceu no Brasil com Angeli e outros autores. Por isso o material era mais simples e suas publicações eram distribuídas entre universitários.

domingo, 22 de novembro de 2009

Minha relação com a Internacional Situacionista

Minha relação com a Internacional Situacionista
De um grupo de discussão à primeira leitura

Por Luiz Manghi



Era janeiro de 2008 quando a EMTU (atual Grande Recife Consórcio de Transportes) decretou mais um aumento nas tarifas do transporte público. Usuário diário deste serviço, me senti extremamente lesado ao ver a passagem aumentando e a qualidade do transporte estagnada. Quando soube de uma manifestação que ocorreria na Avenida Conde da Boa Vista, não tive dúvida, me dirigi para lá imediatamente após meu estágio, que era até o meio dia. Fui sozinho, mas lá conheci uns figuras interessantes e conversamos muito sobre o que nos levara até ali. Após os protestos deste janeiro se encerrarem e a tarifa não baixar, montamos uma espécie de grupo de discussão de temas políticos em geral e lá tive meu primeiro contato com a palavra “situacionismo”.

Apesar de bastante citada nas reuniões, não dava para ter uma noção bem definida do que era a Internacional Situacionista, e por preguiça não procurei saber mais sobre o assunto. Até que há algumas semanas atrás comprei o livro Situacionista: Teoria e Prática da Revolução (Conrad, 2002). Daí pude entender mais do que se tratava a “sociedade do espetáculo”, quem foi Guy Debord e qual a importância dos situacionistas para os acontecimentos do maio de 68 em Paris, por exemplo. Estes eram os pontos mais citados nos encontros do grupo de discussão, mas outro ponto acabou me surpreendendo mais do que estes: a crítica dos situacionistas à esfera estudantil francesa.

O texto “A Miséria do Meio Estudantil: considerada em seus aspectos econômico, político, psicológico, sexual e, mais particularmente, intelectual. E sobre alguns meios para remediá-la” é um chute no estômago de qualquer estudante e deveria ser leitura obrigatória para todos eles. O mais incrível é a atualidade do texto. Na medida em que eu lia-o, parava e pensava: “incrível como nada mudou”. Os situacionistas cutucam feridas abertas até hoje no meio estudantil: desde o vazio intelectual do movimento estudantil até uma espécie de “menoridade prolongada”, apontada pelos situs (como também são conhecidos os integrantes da Internacional Situacionista) como irresponsável e dócil.

Na “orelha” do livro fica bem claro o propósito da obra: mostrar o verdadeiro caráter da I.S. Segundo os editores do livro “no trabalho de transformar os situacionistas em uma moda intelectual deglutível, tentou-se escamotear de formas diversas o fato básico de que a Intenacional Situacionista pretendia ser uma organização política e tinha como objetivo a ação subversiva contra o capitalismo”, apesar de seu início como movimento crítico da arte e da cultura. E o livro consegue isso, pelo simples mérito de apresentar os textos na íntegra e também pela boa apresentação de Marietta Baderna, que faz um bom panorama geral do que foi a I.S. Ao ler os textos na íntegra não tem como não perceber essa conotação subversiva nos textos situacionistas. A crítica é feita de forma direta a vários setores da sociedade capitalista.

É uma ótima leitura para os interessados em assuntos políticos, principalmente os que têm tendência marxista ou libertária, mas assim como todos os volumes da coleção Baderna, da editora Conrad, é uma obra para iniciantes, e ao término do livro me encontro com mais perguntas do que respostas. Acho isso maravilhoso. O legal é que ao longo de todo o livro eles apresentam textos que servem como complemento para um entendimento mais amplo do tema abordado.

Um caleidoscópio de visões sobre o “instante-já”


LITERATURA//Clarice

Publicado nos anos 70, “Água Viva”, de Clarice Lispector, se mantém atual e inovador

Por Iohana Ruiz


Publicada em 1973, a obra “Água Viva”, cujo gênero – romance, ficção ou a junção dos dois, não se mostra definido à primeira vista, devido à complexidade da narrativa psicológica e introspectiva da personagem e autora do livro, Clarice Lispector, é um convite ao problema do “Ser”. Diga-se de passagem, a literatura proposta por esta inquieta e ousada escritora, é, ao se propor simples analogia sensorial, uma espécie de cozinheiro de “mão cheia”, ainda inseguro sobre o prato mais delicioso e peculiar que irá produzir dentro de instantes. A insegurança tem origem no desvendar compulsivo do misterioso conceito do “instante-já”, que permeia todo o discurso literário.

Na tentativa incessante de desvendar o “ser” de cada coisa – utilizando a expressão da pintura, da música e da literatura para definir o momento presente, a ucraniana deixa clara a problematização fundamental de seu projeto literário: os limites da personalidade e a identificação com os limites da linguagem. A convergência entre essas duas questões aparecem na obra através da reflexão sobre a Escrita Automática, pensada conforme a teoria surrealista.

O livro que mais parece um caderno de anotações, espécie de diário sobre vida e o que nos move a viver, revela um conteúdo contemporâneo e temporal. Faz parte da atualidade os textos que buscam desvendar os mistérios da existência e do eu interior. Com abordagem inovadora e única, a autora, vanguardista por opção, quase não se utiliza de cenas de ação para construir e personificar sua história, que é pessoal.

Com grande carga metalingüística, “Água Viva” não se mostra como uma narrativa dinâmica. Isso porque é muito mais enriquecedor para a escritora levantar dúvidas consigo mesma e repassar aos leitores os sinuosos caminhos do desfazer dos acontecimentos - sem abdicar da dor que cada sensação proporciona, do que propriamente fazer uso de realidades concretas. Isso, na verdade, é inconcebível para Clarice. Ela, que de tão complexa, pode provocar nervosismo aos que a lêem, por causa do ritmo lento e inconstante das palavras, prefere adentrar na experiência dos sentidos.

Não existe enredo em “Água Viva”. Os temas se repetem e as imagens são vistas como que em um caleidoscópio - multifacetadas. A circularidade está presente desde a primeira até a última frase do livro: não há começo, meio ou fim. Trata-se de um texto para ser muito mais vivido do que lido, no qual a sensibilidade aflora constantemente, em um fluir de experiências vivenciadas de forma intensa. Daí o nome Água e viva = água viva, água pulsante, líquido fluido que quer ser e sentir a universalidade.

Os diálogos densos da autora com o leitor criam um ambiente de desautomatização da linguagem, ao decompor e desmontar o próprio sistema de escrita, para tentar se libertar da coisa “morna” do viver. Por meio de neologismos e da busca pelo sentido perfeito - equilíbrio entre forma e conteúdo, consegue-se perceber claramente a crise psicológica aliada à angústia metafísica da personagem. A particularidade narrativa não-linear de Água Viva parece estreitar os elos durante o ato da leitura, uma vez que a fragmentação das ideias permite maior liberdade. Consideração relevante é que a própria Clarice deixa vazios nas entrelinhas. E isso, ao que parece, é feito com um propósito, o de criar instrumentos que impulsionam a consciência imaginativa.

(...) “Porque ninguém me prende mais. Continuo com capacidade de raciocínio (...) mas agora quero o plasma – quero me alimentar diretamente da placenta (...) O próximo instante é feito por mim¿ ou se faz sozinho¿ Fazemo-lo juntos com a respiração. E com uma desenvoltura de toureiro na arena.” Assim, a autora transcende e mostra os procedimentos capazes de libertar o sujeito dos limites impostos pela consciência. Porém, até isso é paradoxal, trazendo à tona a idéia de controle do pensamento. “Quem for capaz de parar de raciocinar – o que é terrivelmente difícil – que me acompanhe. Vim te escrever. Quer dizer: Ser.”

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Rafinha bastos provoca em a Arte do Insulto

ESPETÁCULO//HUMOR
Por Jessica Souza

Bastos conquista com seu humor ácido e inteligente

Se stand up comedy não pode ser considerado um estilo de teatro, eu, sinceramente, não sei o que é teatro. Especialistas afirmam que, por ter mobilidade, podendo ser executado em qualquer lugar que não seja o teatro, ele seria um estilo de humor e não de teatro propriamente dito.

Apesar de não ter cenário, iluminação, música e figurino, o comediante fica em cima de palco, entretendo uma platéia com um texto que, por mais que aparente ser improvisado, é todo montado e decorado ao longo de anos de trabalho. Não seriam essas as bases do teatro?

Entre os 30 comediantes mais assistidos de todo o mundo no site YouTube e com mais de 10 milhões visualizações, o apresentador do Custe o Que Custar” (CQC), da rede Bandeirantes, Rafinha Bastos, voltou recentemente ao Recife após dois meses de sua última visita.

Com o mesmo espetáculo (para desagrado de muitos fãs), a Arte do Insulto, o gaúcho destilou humor e polêmica durante os seus 55 minutos de performance no teatro da UFPE. O ator não poupou nem as próprias raízes, começando com aquela piadinha básica sobre a masculinidade dos gaúchos.

Religião, pena de morte, sexualidade e até tecnologia foram alguns dos muitos assuntos discutidos pelo apresentador, que, com observações do dia-a-dia, características do gênero stand-up, arrancou risadas do público.
O humor ácido e inteligente do ator dá aquele recheio especial ao show, com rápidos jogos de palavras que faltaram nas apresentações de Marco Luque, também integrante do CQC e Danilo Gentili.

O stand-up é considerado por muitos um gênero artístico difícil de ser dominado, já que o comediante está à mercê da audiência, que se torna um elemento integrante do ato. Mas até as interações de Bastos com o público foram naturais, muito melhor do que a dos seus companheiros do CQC. O gaúcho conseguiu criar um leve clima de improvisação e, arrancou muitas risadas ao interromper uma fã que gritava histericamente “gostoso” durante quase toda apresentação e complementar com um “depois eu como”.

Durante o espetáculo, Rafinha alfinetou desde Lula e Dilma até Jô Soares, que usou sem autorização uma das piadas do gaúcho em seu programa na TV Globo, o que acabou provocando uma faísca entre os dois comediantes.

Com o seu jeitinho descolado, ele provou que domina completamente o gênero artístico, diferentemente de Danilo Gentili, que deixou a desejar com piadas simples sobre o cotidiano do paulista. Durante o espetáculo, Bastos mostrou que teve trabalho ao adaptar o seu texto ao público pernambucano, citando até a conhecida Av. Conselheiro Aguiar em Boa Viagem. Um verdadeiro comediante precisa editar o seu texto ao humor e gosto da platéia que está lidando, e não simplesmente apresentar-se a um público sem face.

Um mergulho nos mares cubanos


Samarone Lima mostra sua última obra: Viagem ao Crepúsculo

Novidades -

Por Gabriela Valle

Quando o escritor e jornalista Samarone Lima decidiu realizar seu sonho de viajar para Cuba só tinha três intenções: conhecer, escutar e conversar. Ele mal esperava que dessa aventura com uma bagagem cheia mantimentos, 220 canetas, entre outros produtos inusitados, nasceria seu mais novo livro. “Viagem ao Crepúsculo” promete levar o leitor a uma viagem por Cuba através das histórias de vida de seus moradores e das aventuras do escritor mochileiro. Uma obra sobre o cotidiano de um povo sofrido, a qual casualmente se torna um registro histórico dos os últimos dias da ilha sob o comando de Fidel Castro.

Samarone adota um estilo bem particular de conhecer o país. Dispensa hotéis e qualquer coisa que remetesse a algum luxo ou turismo habitual. Em vez disso, entre uma conversa e outra, se hospeda na casa de moradores, turista pelos bares de Havana e participa de rituais de Candomblé. Faz amigos de todos os tipos que lhe confidenciam as suas histórias da batalha pela sobrevivência na ilha sob o rígido controle do governo cubano. Relatos esses que inspiraram Samarone a reunir todas essas histórias e publicar o livro, desmistificando a Cuba da Revolução, do rum, do charuto e da rumba.

O sonho de conhecer a Cuba de “La Revolución” sempre esteve nos planos do jornalista. A crença em um regime político igualitário, justo, que concedia as mesmas oportunidades à todos foi rapidamente desmistificada ao pôr os pés no país e se deparar com uma grande quantidade de prostitutas, de pobreza, necessidade e de charlatonismo. Os relatos do livro de Samarone mostram que o “jeitinho brasileiro” impera na ilha cubana. Oprimidos pelo regime ditatorial, o povo se desdobra em burlar as regras para tentar uma vida um pouco melhor. Até o famoso sistema de saúde de Cuba é criticado no livro. O exemplar sistema é uma realidade apenas para os que têm condições financeiras de pagar.

Para evitar que as pessoas sentissem intimidadas a falar, as anotações eram feitas à noite. As conversas eram praticamente confissões daqueles moradores tão acostumados a viver oprimidos no silêncio do regime. “Eu não perguntava nada. Chegava uma pessoa começava a contar uma história, ai vinha outra, contava a dela também. Muitas vezes eles que me perguntavam o que eu queria perguntar e eles mesmos respondiam”, lembra Samarone. Os depoimentos foram coletados em pouco mais de um mês e meio que passou no país. “O que mais me impressionou foi que ninguém falava nada daquele regime. Ninguém reclamava, parecia que não existia” disse o escritor.

A obra lhe rendeu um ano e meio de trabalho que está sendo muito bem reconhecido. “As pessoas chegam pra mim e dizem: Estou viajando por Cuba com você. Não consigo parar de ler”, conta Samarone. A cumplicidade que surgiu durante a viagem dura até hoje. O jornalista mantém contato com muitos personagens do livro, manda ajuda financeira, ajuda a vender os charutos. Samarone proporciona ao leitor uma verdadeira aventura a realidade do que Cuba é hoje, desmistificando mitos. Viagem ao Crepúsculo é um diário de viagem que leva o leitor para o universo daquela Cuba que não está nos livros de viagem: a verdadeira Cuba.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dido e Enéas, uma noite de Ópera no Recife


Por Allison Almeida

Se há uma coisa que não é comum no Recife é espetaculo de artes consideradas “eruditas”. Controverso, pois falamos de um estado que efervesce em cultura, a qualidade dos artistas é muito boa. Falo isso sem o tal do bairrismo que é uma caracteristica da nossa pernambucanidade. As cias de musica e teatro que tentam acabam esbarrando em problemas como a falta de patrocinio no setor privado, os elevados custos de montagens, e muitas vezes, a questão da falta de espaço fisico, a maioria dos nossos teatros são muito pequenos. Por esses e outros motivos, há de se louvar a coragem do Professor Da Universidade Federal de Pernambuco, UFPE ,e diretor artistico da ópera, Flávio Medeiros.

Ópera é um dos generos artisticos mais complicados porque envolve artes cênicas e Musica diretamente. É dificil fazer drama, comédia, ou qualquer outro gênero e cantar ao mesmo tempo, isso quando não se tem balé, coisa que Dido e Enéas tinha, e diga-se muito bem desenvolvido. A opera foi encenada pelo coro profissional Contracantos, dirigido pelo Professor Flávio, em matéria de musica, eles se sairam muito bem. Não que tenham sido uma tragedia, mas como eu falei, o genero Ópera requer dominio de dramaticidade da atuação,.

Eles , coro Contracantos, são todos músicos, a maioria faz o curso na UFPE, então era até de esperar uma certa preocupação em acertar as notas que interpretar o texto de Purcell, que não é facil. Dido e Enéas é uma peça Barroca que conta a história Amorosa de Dido, Rainha de Cartago e apaixonada pelo principe troiano Éneas, heroói que sucumbe ao plano maligno de uma bruxa que acaba separando o casal.
No quesito interpretação destaca-se “ O feitecera”, Sebastião Camara, Contratenor dos bons que incorporou muito bem o espirito da maldade da senhora má que queria acbar com um romance. A direção musical também foi um show a parte. O cravista e regente Carioca Marcelo Fagerlande preparou muito bem a orquestra de camera que interpretou muito bem todas as Arias e todas as passagens musicais. Outro destaque foi a mezzo- soprano que interpretou Dido, a rainha Cartagena, Virginia Cavalvanti prquepôs leveza e muito drama a sua personagem que foi trapaceada por uma bruxa.

Resumo final da obra: a Ópera marca um começo em Pernambuco. Apesar do arrojo do professor Flavio e o ineditismo da obra no nordeste, ainda estamos longe de ser uma grande escola operistica, mas quem sabe isso seja um começo. Não estamos preparados para obras eruditas um pouco mais complexas como o Passaro de Fogo ou Sagração da Primavera de Tchayckovsky, mas também aqui não se faz feio, não quando o assunto é erudito. Embora não tenhamos tradição em público, e em questões como a interpretação, que é a base da òpera. Não tenhamos ainda... Tomara que tenha sido há primeiras de muitas experimentações. Nosso povo é muito carante de espetáculos de alto nível. Seja quaisquer produções artísticas, é muto melhor tentar fazer uma coisa de alto nivel que fazer qualquer coisa só por fazer, sem planejamento, sem paixão, por vaidade ou só pela grana mesmo.

Hãn...15 minutos?

Stand-up Comedy

Hãn...15 minutos?
Em espetáculo na UFPE, Marcelo Adnet confirma vocação para o humor



O domingo, para muitas pessoas, é o primeiro dia da semana. É quando você realiza que o final de semana acabou e que a segunda-feira está mais perto do que nunca. Por este motivo é normalmente o dia de ficar em casa e organizar as coisas para mais uma semana que está chegando. Mas como toda rotina é quebrada algumas vezes, hoje decidi jogar a minha na parede e saí de casa para ver o show de Stand-up Comedy do Marcelo Adnet, aquela história do passarinho azul (não estava lá, não é?).
Só para situá-los, o evento foi no Teatro da UFPE, às 20h. Confesso que fiquei surpreso ao ver a quantidade de carros no caminho para o espetáculo. Não esperava nem tinha notícia de Adnet ter um sucesso tão grande no Recife, poucos minutos depois eu entenderia o porquê. Sim, a maioria das pessoas que lotavam o hall do teatro eram adolescentes, entre 14 e 18 anos, presumo, público alvo da MTV, emissora na qual o comediante em questão tem um programa de sucesso intitulado 15 minutos.
As filas para entrar no teatro estavam tremendamente desorganizadas. Era comum ver as pessoas que chegavam perguntando “onde é que termina essa fila?”. Acomodei-me em algum lugar da extensa multidão enfileirada por puro instinto e aguardei a abertura dos portões. Surpreendi-me quando às 20h, em ponto, começou a sair outra multidão de dentro do teatro. Fiquei sabendo ali que se tratava de uma sessão extra, agendada pela grande procura de ingressos já esgotados para a sessão das 20h. Vinte minutos após o término da primeira sessão os portões se abriram para a entrada da próxima platéia. Só para constar: ninguém ali pode ser acusado de furar fila, inclusive eu, por motivos já ditos aqui.
O espetáculo começou ainda com as cortinas fechadas. Adnet e Murilo Gun (que fez uma participação no show) conversavam lá dentro e davam as clássicas instruções para tudo ocorrer da melhor maneira possível, só que de uma forma nem tão clássica assim. Entre os avisos de desligar o celular, não tirar fotos (o mais desrespeitado na ocasião) e não filmar o espetáculo, surgiam outros como não peidar durante o espetáculo, e se de extremo caso o fizer, espremer bem as nádegas contra a almofada do assento a fim de diminuir o impacto olfativo.
As cortinas abrem e Murilo Gun, comediante pernambucano, estende o tapete para Adnet. Com dez minutos de apresentação, Gun consegue fazer a platéia rir bastante, principalmente por conta do fator local das piadas. É difícil segurar uma platéia tão sedenta pela atração principal, mas Gun fez bem feito e conseguiu que a platéia esquecesse Adnet por alguns minutos.
Ovacionado com palmas, “uh-huuu”s e gritos de lindo, Adnet adentra o palco do Teatro com uma camisa do Brasil, calça jeans e tênis. No início do espetáculo ele fez questão da luz acesa em todo o teatro, segundo ele para conhecer melhor o público que foi vê-lo naquela noite. De fato parecia que ele queria mesmo conhecer as pessoas. De cara, fez logo duas perguntas embaraçosas para a platéia: quem fez sexo hoje e quem é homossexual. Em ambas as perguntas, apenas uma pessoa levantou a mão.
O improviso foi característica presente durante todo o show. Adnet constantemente pedia informações aleatórias a alguém da platéia e montava piadas em cima delas. Ao satirizar trailers de filmes, ele pediu que alguém da platéia contasse como foi o dia dele e aí ele improvisou como seria o trailer de um filme sobre o dia desta pessoa. Esta interação com a platéia também foi recorrente em todo o espetáculo.
No fim do show, a prova da minha teoria sobre o sucesso de Adnet estar atrelado ao programa 15 minutos foi apresentada. A platéia pediu para que ele cantasse Furfles Feelings, hit que ele ajudou a disseminar no programa 15 minutos.
Enfim, Adnet mostrou desenvoltura, criatividade e um texto atualizado (com a presença do caso de Geyse, da Uniban, por exemplo), mostrando que sabe mesmo como fazer humor de verdade, e não apenas atrás de uma câmera com textinhos decorados. Anunciou que em dezembro estará de volta ao Recife, desta vez com um grupo de improviso que ele participa há 6 anos. É aguardar e ir conferir se o resto da platéia saiu com a mesma impressão que a minha: de que o Adnet tem um extenso futuro pela frente, com ou sem a MTV.

domingo, 15 de novembro de 2009

Teatro para quem gosta de Música






TEATRO//MUSICAL


Musical “Meu caro amigo”, exibido no Teatro Apolo, faz um ode à Chico Buarque

Iohana Ruiz

A época da Ditadura Militar no Brasil, entre os anos 60 e 80 ,como se sabe, foi um período de repressão no mais alto nível. Era censura na imprensa, censura nas expressões do corpo e da alma, censura aqui, censura aculá. O governo ditatorial eliminava todas as manifestações consideradas “esquerdistas”. Foi com esse marco histórico em mente que o público recifense preencheu todas as cadeiras do Teatro Apolo neste último final de semana. O musical “Meu caro amigo” conta a trajetória de vida da professora de História do Brasil, a cinquentona Norma, uma carioca e apaixonada declarada do cantor Chico Buarque que resolve expor, a todo momento, e em púbico, seu amor ao artista.

O espetáculo arrancou intensas risadas da plateia. Com muito humor, leveza, naturalidade e entrega ao trabalho, a atriz Kelzy Ecard agradou todos os presentes que esvaziaram, ao final da peça, os assentos e rumaram para seus respectivos destinos, satisfeitos e cheios de esperança na alma. Isso porque durante 80 min, o público pôde escutar as principais canções de Francisco Buarque de Holanda, o famoso Chico. A cada melodia, a atriz dava um “pocket-show” à parte e sensibilizava os quatro cantos do teatro. Depois de “dar uma palhinha”, com voz entonada aguda e delicada, a atriz se voltava e trocava idéias com as pessoas no teatro. Falou sobre o amor, dividiu as dores de relacionamentos, analisou a questão família, adolescência, infância, infantilidades, descobertas, dentre tantos outros aspectos da roda da vida.

A narração solo da personagem se divide entre memória nacional e individual. Isso porque a protagonista se utiliza do amor e fanatismo ao cantor como forma de inspiração para situar os fatos durante a Ditadura. “Rio de Janeiro, 1966, eu tinha 10 anos. Começo, a partir daí, a contar a minha história através de Chico.” “Qualquer idéia contrária ao regime militar era exílio e repressão na certa. E assim aconteceu com os olhos azuis mais lindos que já vi. Durante esses anos, ele não fez nenhum show, nada, para a minha imensa tristeza”, dizia Norma.
A interação plateia-ator acontece de forma irreverente. A amizade entre os dois acaba surgindo de forma espontânea e vai crescendo ao longo dos minutos.

Aqueles que pagaram um preço ínfimo de R$10 e R$5 (meia) puderam conferir uma espécie de monólogo e narração psicológica que se juntavam à necessidade quase que incessante de um “feedback” do outro lado do tablado. Isso pode ser facilmente explicado pelo talento sem fim da atriz Kelzy Acard que contou com a ajuda essencial do pianista João Bittencourt. Houve quem saísse do espetáculo e se indagasse: “Mas essa é a história da própria Kelzy ou da Norma¿ Eu não sei até onde termina a ficção e começa a realidade da própria atriz.”

O cenário, composto por dois cômodos (quarto e sala), situam a platéia no espaço e no tempo. No quarto que Norma ocupou durante toda a infância até o dia que saiu de casa, mais ou menos aos 30 anos de idade, todos os vinis de Chico ganham destaque. Uma vitrola para ouvir o cantor, cadeira, mesa e uma televisão – que nunca funcionava ao que a personagem recordava quando ia falando das várias fases da vida, colocando a figura do pai e da mãe como fundamentais no processo de autoconhecimento, constroem a ambientação das cenas.
A peça conta com pouca iluminação a fim de criar um ambiente intimista de introspecção da personagem e sua relação com o mundo externo.

Norma é criança, adolescente, é o pai, a mãe, o tio, a tia, as amigas, todas em uma só. Uma esquizofrenia de interpretações, todas regadas pelas expressões de fala e olhares esbugalhados e marcantes de Kelzy Ecard. Com um vestido preto e um salto alto, aparentando um visual próprio de professora, que tem o dom de passar o conhecimento, Norma transmite a imagem de uma mulher adulta, que já experimentou a obediência, a responsabilidade, a rebeldia e o orgulho – este último que a fez deixar de falar com o pai por cerca de 20 anos.

A cada fala, a personagem mostra o quão é brasileira, portanto, lutadora dos ideais de liberdade. Esteve presente no comício pelas “Diretas já”, participou de movimentos estudantis e acompanhou, passo a passo, a luta do nosso país pela Democracia. Suas impressões e sentimentos eram colocados também aos alunos de uma escola estadual onde ministrava aulas. A vencedora do prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro), Kelzy Ecard, esbanja segurança e verdade na atuação. Interage com o público, enquanto canta e vive as canções de Chico. Assim, “Meu caro amigo” não deixou nenhuma dúvida de que memória e música são uma combinação perfeita , ainda mais com Chico Buarque sendo o grande homenageado da noite.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

TELEJORNAL TAMBÉM TEM HUMOR

Por Thiago Gouveia
PROGRAMA TELEVISIVO


Novo estilo de contar notícias é apresentado na emissora de televisão MTV

Estava há muito tempo a procura de um telejornal que me apresentasse as noticias sem aquele famoso monólogo: âncora x telespectador (tratado por mim como “caro telespc”). É um tédio ver jornais televisivos que apenas informam a notícia e não há pelo menos um comentário dos âncoras. Estou certo de que o apresentador não está ali para emitir opinião, mas dá para perceber o quanto eles querem comentar e não podem, ou por ordem superior ou por não terem informações precisas dos fatos apresentados.

Para acabar com esta tal monotonia nos telejornais, a rede de TV MTV criou o programa Furo MTV, uma paródia dos telejornais de outras emissoras; é um programa apresentado por Dani Calabresa e Bento Ribeiro. A dupla apresenta as notícias do dia de uma maneira que, com certeza, você nunca viu. A apresentadora é uma loira que, levando pelo lado estigmatizado, ela não teria competência de apresentar um telejornal, devido a sua cabeleira. Já Bento Ribeiro faz o papel do âncora, sempre bem vestido num terno de cor preta e gravata, além disso dá as primeiras informações da notícia dando a entender que ele tem um pouco a mais de importância, mas no final sempre acaba levando uma cortada ou sofrendo algum tipo de chacota por parte de Daniela.

O humor do programa é considerado inocente. Sempre que há uma apresentação de matéria logo depois vem as piadinhas soltadas pelos apresentadores, seguindo a linha de "fake news shows" como o The Daily Show ou o Weekend Update, do Saturday Night Live, mostrar os fatos do dia de uma maneira crítica, ácida, divertida e humorada. O programa tem a duração de 15 minutos, seguindo a nova linha de programas curtos da emissora.

O cenário do programa é bem simples, composto por uma bancada em plano americano, dois televisores de plasma onde ficam as chamadas, por exemplo, se a notícia é sobre política, no monitor fica escrito POLÍTICA com alguma arte

O programa é exibido de segunda a sexta-feira ás 22h15 e reprisado ás 14h45. Na sexta-feira, no mesmo horário, é exibido um compacto com os melhores momentos da semana, erros de gravação e bastidores. No sábado, às 20h45, é exibida uma maratona com a reprise dos programas da semana e no domingo ás 18h30 é exibido um programa reprisado da semana.