quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Um mergulho nos mares cubanos


Samarone Lima mostra sua última obra: Viagem ao Crepúsculo

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Por Gabriela Valle

Quando o escritor e jornalista Samarone Lima decidiu realizar seu sonho de viajar para Cuba só tinha três intenções: conhecer, escutar e conversar. Ele mal esperava que dessa aventura com uma bagagem cheia mantimentos, 220 canetas, entre outros produtos inusitados, nasceria seu mais novo livro. “Viagem ao Crepúsculo” promete levar o leitor a uma viagem por Cuba através das histórias de vida de seus moradores e das aventuras do escritor mochileiro. Uma obra sobre o cotidiano de um povo sofrido, a qual casualmente se torna um registro histórico dos os últimos dias da ilha sob o comando de Fidel Castro.

Samarone adota um estilo bem particular de conhecer o país. Dispensa hotéis e qualquer coisa que remetesse a algum luxo ou turismo habitual. Em vez disso, entre uma conversa e outra, se hospeda na casa de moradores, turista pelos bares de Havana e participa de rituais de Candomblé. Faz amigos de todos os tipos que lhe confidenciam as suas histórias da batalha pela sobrevivência na ilha sob o rígido controle do governo cubano. Relatos esses que inspiraram Samarone a reunir todas essas histórias e publicar o livro, desmistificando a Cuba da Revolução, do rum, do charuto e da rumba.

O sonho de conhecer a Cuba de “La Revolución” sempre esteve nos planos do jornalista. A crença em um regime político igualitário, justo, que concedia as mesmas oportunidades à todos foi rapidamente desmistificada ao pôr os pés no país e se deparar com uma grande quantidade de prostitutas, de pobreza, necessidade e de charlatonismo. Os relatos do livro de Samarone mostram que o “jeitinho brasileiro” impera na ilha cubana. Oprimidos pelo regime ditatorial, o povo se desdobra em burlar as regras para tentar uma vida um pouco melhor. Até o famoso sistema de saúde de Cuba é criticado no livro. O exemplar sistema é uma realidade apenas para os que têm condições financeiras de pagar.

Para evitar que as pessoas sentissem intimidadas a falar, as anotações eram feitas à noite. As conversas eram praticamente confissões daqueles moradores tão acostumados a viver oprimidos no silêncio do regime. “Eu não perguntava nada. Chegava uma pessoa começava a contar uma história, ai vinha outra, contava a dela também. Muitas vezes eles que me perguntavam o que eu queria perguntar e eles mesmos respondiam”, lembra Samarone. Os depoimentos foram coletados em pouco mais de um mês e meio que passou no país. “O que mais me impressionou foi que ninguém falava nada daquele regime. Ninguém reclamava, parecia que não existia” disse o escritor.

A obra lhe rendeu um ano e meio de trabalho que está sendo muito bem reconhecido. “As pessoas chegam pra mim e dizem: Estou viajando por Cuba com você. Não consigo parar de ler”, conta Samarone. A cumplicidade que surgiu durante a viagem dura até hoje. O jornalista mantém contato com muitos personagens do livro, manda ajuda financeira, ajuda a vender os charutos. Samarone proporciona ao leitor uma verdadeira aventura a realidade do que Cuba é hoje, desmistificando mitos. Viagem ao Crepúsculo é um diário de viagem que leva o leitor para o universo daquela Cuba que não está nos livros de viagem: a verdadeira Cuba.

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