quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Rafinha bastos provoca em a Arte do Insulto

ESPETÁCULO//HUMOR
Por Jessica Souza

Bastos conquista com seu humor ácido e inteligente

Se stand up comedy não pode ser considerado um estilo de teatro, eu, sinceramente, não sei o que é teatro. Especialistas afirmam que, por ter mobilidade, podendo ser executado em qualquer lugar que não seja o teatro, ele seria um estilo de humor e não de teatro propriamente dito.

Apesar de não ter cenário, iluminação, música e figurino, o comediante fica em cima de palco, entretendo uma platéia com um texto que, por mais que aparente ser improvisado, é todo montado e decorado ao longo de anos de trabalho. Não seriam essas as bases do teatro?

Entre os 30 comediantes mais assistidos de todo o mundo no site YouTube e com mais de 10 milhões visualizações, o apresentador do Custe o Que Custar” (CQC), da rede Bandeirantes, Rafinha Bastos, voltou recentemente ao Recife após dois meses de sua última visita.

Com o mesmo espetáculo (para desagrado de muitos fãs), a Arte do Insulto, o gaúcho destilou humor e polêmica durante os seus 55 minutos de performance no teatro da UFPE. O ator não poupou nem as próprias raízes, começando com aquela piadinha básica sobre a masculinidade dos gaúchos.

Religião, pena de morte, sexualidade e até tecnologia foram alguns dos muitos assuntos discutidos pelo apresentador, que, com observações do dia-a-dia, características do gênero stand-up, arrancou risadas do público.
O humor ácido e inteligente do ator dá aquele recheio especial ao show, com rápidos jogos de palavras que faltaram nas apresentações de Marco Luque, também integrante do CQC e Danilo Gentili.

O stand-up é considerado por muitos um gênero artístico difícil de ser dominado, já que o comediante está à mercê da audiência, que se torna um elemento integrante do ato. Mas até as interações de Bastos com o público foram naturais, muito melhor do que a dos seus companheiros do CQC. O gaúcho conseguiu criar um leve clima de improvisação e, arrancou muitas risadas ao interromper uma fã que gritava histericamente “gostoso” durante quase toda apresentação e complementar com um “depois eu como”.

Durante o espetáculo, Rafinha alfinetou desde Lula e Dilma até Jô Soares, que usou sem autorização uma das piadas do gaúcho em seu programa na TV Globo, o que acabou provocando uma faísca entre os dois comediantes.

Com o seu jeitinho descolado, ele provou que domina completamente o gênero artístico, diferentemente de Danilo Gentili, que deixou a desejar com piadas simples sobre o cotidiano do paulista. Durante o espetáculo, Bastos mostrou que teve trabalho ao adaptar o seu texto ao público pernambucano, citando até a conhecida Av. Conselheiro Aguiar em Boa Viagem. Um verdadeiro comediante precisa editar o seu texto ao humor e gosto da platéia que está lidando, e não simplesmente apresentar-se a um público sem face.

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