segunda-feira, 23 de novembro de 2009

VIDA REAL, DOENÇA REAL



LITERATURA
Por Thiago Gouveia

Livro Por um Fio do médico e escritor Dráuzio Varella que conta a vida de enfermos e o dia-a-dia de um hospital.


Sabe aquela doença que ninguém gosta de ouvir falar, o câncer? Uma doença que fez parte de milhares de literaturas médicas. Agora faz parte da literatura romancial, digamos assim. Depois de contar história dos encacerados do romance Carandiru, o médico e escritor Drauzio Varella reflete sobre o impacto da convivência com a dor e com a perspectiva da morte no comportamento de pacientes e seus familiares. Desde que fazia o curso de medicina, Drauzio passou ater contato com doentes graves. Dos trinta anos de experiência clínica, ele pinçou as histórias mais reveladoras da alma humana diante da doença. De um lado as histórias dos familiares, que acompanham os enfermos, do outro a reação das pessoas que se descobrem doentes, de desespero ou de aceitação. Há narrativas triste, mas também histórias de curas quase impossíveis, devido ao avanço d medicina, ou mesmo de existência que se encerram com tranqüilidade. O livro desperta no leitor uma visão diferente da morte, como se El fosse um divisor de águas que confere novo sentido ao futuro.
No livro Por um fio, está de volta o narrador de Estação Carandiru, que, contando histórias reais, põe o leitor diante de questões delicadas e difíceis, mesmo para quem lida com els em sua rotina profissional. O que estou querendo dizer com rotina é o fato de o médico dizer ou não dizer a verdade ao paciente. Como conseguir que o doente viva o máximo possível sem dor. Temos nesse livro uma reflexão, que a medicina mais do que curar tem o objetivo fundamental de aliviar o sofrimento humano.
A narrativa do livro é em terceira pessoa, com o eu-narrador que é o próprio autor. Apesar de ser um livro que trata da medicina ele não usa termos médicos nem nomes complicados. Os diálogos que estão no livro são muitas vezes de Drauzio com seus pacientes ou poucas vezes do paciente com familiares e amigos. Esses diálogos são construtivos, pois enriquecem a história, já que mostra melhor a relação médico paciente. De certa maneira são reveladores, porque neles surgem novos casos, por exemplo o diálogo entre Drauzio e o engenheiro doutor Sérgio, em que o ele revela que depois de trinta anos casado com a mulher, vai ao consultório médico e descobre uma nova mulher na sala de espera, esse novo amor deixa ele mais disposto a enfrentar doença, pois a tal mulher também passara pelo mesmo problema. Digo na minha opinião que são muito bem escritos.
A vantagem desse livro, é que os personagens não foram criados. Todos de fato existiram. E foram distribuídos no livro de uma maneira uniforme, como se cada caso tive ligação com o outro. Ao ler o primeiro capitulo você já quer passar para o outro para saber se vai acontecer o mesmo com o outro personagem. O interessante é que ele não diz que o paciente morreu, apenas termina com uma frase que o leitor já interpreta que o personagem morreu: “lembrei da expressão grave de seu Raimundo ao contar a história da noite de testemunho e senti saudades antecipadas dele.”

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