quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Somente para ler na sala de espera

LEITURA//GIRLY BOOKS

Por Jessica Souza

Delírios de Consumos diverte, mas peca na construção nos personagens

Desde a deliciosa série Sex and the City, baseada na história de Candance Bushnell, os livros destinados ao público feminino (Girly Books) têm alcançado um estrondoso sucesso. Antigas publicações de dez anos atrás ganham nova forma (e fãs) e produzem muito, muito dinheiro, ao serem convertidos em filmes e série hollywoodianas, alguns bons e outros muito ruins.

O livro de Sophie Kinsella, Delírios de Consumo de Becky Bloom, recentemente adaptado para as telonas, se encaixa perfeitamente nesse conjunto. Ele conta a história de Rebecca Bloomwood, uma jornalista de economia desequilibrada financeiramente. Sem nenhuma profundidade e/ou questionamentos filosóficos, a história se dispõe a, apenas, entreter, conduzindo leitor por mais de 400 páginas, intercaladas entre narrações em primeira pessoa, feitas pela própria protagonista, e cartas de cobranças de bancos e lojas.

Na publicação, a fútil e engraçada Becky é uma consumidora compulsiva que, ironicamente, ensina às pessoas como administrar seu dinheiro. Endividada até a alma, ela usa todos os argumentos possíveis e impossíveis para fugir do gerente do seu banco. “Meu pé quebrou”, “Minha tia-avó morreu atropelada por um pára-quedas” são alguns das hilárias desculpas que a jornalista usa para escapar da perseguição do cobrador Derek Smeath.

Delírios de Consumo de Becky Bloom não se propõe a abordar profundamente o problema das dívidas e dos vícios comerciais, eles servem apenas como pano de fundo para a história de Becky, o que atraiu diversas críticas negativas, que afirmavam que o livro seria uma piada de mal gosto face à recessão mundial que enfrentamos.

Eu não acredito que o objetivo de Sophie Kinsella tenha sido tratar das consequências do consumismo exacerbado. A autora criou apenas uma comédia(!!), repleta de diálogos e indagações em primeira pessoa, onde os tropeços da protagonista acabam criando engraçados episódios.

Em meio a tanta confusão, Becky ainda se apaixona pelo expert em finanças, Luke Brandon, mas o romance não se desenvolve tão bem quanto os de "Bridget Jones", criado por Helen Fielding. Apesar da personalidade de Becky ser bem construída, outros personagens acabaram não tendo a mesma sorte. A vilã da história, Alicia Billington, aparece sem nenhum sentido, somente para arruinar a vida amorosa e profissional da mocinha.

Enfim, a história não é original, os diálogos não são complexos e enriquecedores e o vocabulário não é nada extenso, mas, nem por isso os personagens e a narrativa deveria ser tão finos. Grandes nomes como Helen Fielding, Candance Bushnell e Marian Keyes, de A Melancia, provaram que um bom livro, construído com um ritmo dinâmico e inesperado pode criar ótimas histórias.

Delírios de Consumo de Becky Bloom é um ótimo livro para rir enquanto você aguarda o avião no aeroporto, ou na sala de espera de um médico, mas se você procura algum livro que aborde amor, estilo, luxo e glamour, é melhor permanecer com as clássicas Fielding e Bushnell.

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